Centro Cultural São Sebastião Tem Alma celebra 35 anos com exibição de obras recuperadas de seu acervo audiovisual

Para celebrar 35 anos, o Centro Cultural São Sebastião Tem Alma (CSTA) recuperou parte de seu acervo audiovisual, disponibilizando conteúdos produzidos desde 1989, após digitalizar e catalogar 120 horas de audiovisuais relacionados à cultura caiçara paulista, sendo 36 horas com acessibilidade – audiodescrição, libras e legenda descritiva. 

Com apoio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, através da Lei Paulo Gustavo, curtas, médias e longas metragens nos gêneros documental, ficcional e de animação poderão ser vistos gratuitamente na plataforma streaming Taoplay.com.br, a partir de 16 de outubro. 

Até dezembro, serão realizadas exibições presenciais nas cidades de São Sebastião, Bertioga, Ubatuba, Caraguatatuba e Ilhabela e haverá oficina sobre o tema ‘Audiovisual e resgate cultural: ferramentas para o protagonismo de comunidades’Diversos espaços de educação, cultura e meio ambiente receberão esses conteúdos em 16 cidades do litoral paulista – além das que terão mostras presenciais, Guarujá, Santos, Cubatão, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Peruíbe, Ilha Comprida, Itanhaém, Iguape e outras

Parte importante do acervo bruto foi também recuperada, digitalizada e catalogada para preservação e criação de um banco de imagens, disponível para consulta ondemand no site povosdomar.com.br

O Centro Paula Souza, autarquia do Governo do Estado de São Paulo vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, receberá mostras de filmes e doação de parte do acervo em diversas unidades das Escolas Técnicas (Etecs) e das Faculdades de Tecnologia (Fatecs).

Ariane Porto, presidente da organização, afirma que “restaurar, digitalizar e compartilhar esse rico acervo é nossa obrigação para com a sociedade”.    

 Acervo Caiçara: uma cultura que resiste

O acervo da CSTA é composto de mil horas de gravações audiovisuais, reunindo curtas, médias e longas metragens nos gêneros documental, ficcional e de animação, com ênfase na cultura caiçara e foco no litoral paulista. Há vasto material bruto (entrevistas, depoimentos, reportagens, vivências e ações cotidianas) de atividades culturais tradicionais (feitio de canoa, aviamento da farinha de mandioca, artesanato em taboa, madeira e demais matérias-primas da região, culinária caiçara, músicas, festas e folguedos, atividades de pesca, agricultura de subsistência, aquicultura etc.) do litoral brasileiro. É o maior do país, com mais de 5 mil fotos e gravações (material editado e bruto), nos suportes super 8, VHS, U-Matic, Betacam, Hi8, MiniDv, HD, além de mais de 200 horas gravações em áudio (fita cassete e rolo).

Parte desse material foi avaliada, recuperada, digitalizada e sistematizada de forma a facilitar consulta e disponibilização gratuitas. Integram o acervo as premiadas séries: Povos do Mar (mais de 80 episódios produzidos desde 1999); Mulheres do Mar (8 curtas sobre mulheres pescadoras, artesãs e coletoras do litoral); e mais de 150 curtas da série infantil Bem-te-vi (temas diversos, produzidos por mais de 1200 crianças e adolescentes desde 2005, a partir de oficinas de audiovisual), que completa 20 anos e continua sendo produzida em 5 continentes.

CSTA

O Centro Cultural São Sebastião Tem Alma (CSTA) é uma entidade sem fins lucrativos, fundada em 1989 no município de São Sebastião, litoral norte de São Paulo, por 3 mulheres ativistas culturais, Teresa Aguiar, Ariane Porto e Lúcia Martini, com o objetivo principal de realizar ações de preservação das culturas litorâneas, com foco na caiçara. Iniciou suas atividades para valorizar a cultura tradicional, fazendo um contraponto, na época, à especulação imobiliária, turismo massivo, pesca predatória e pretensas ‘ações ambientais’ que legitimavam a expulsão do caiçara de seus espaços naturais de vida e trabalho.

O CSTA implantou fóruns de debates e grupos de trabalho para fomentar as discussões a respeito dos problemas que atingem as comunidades litorâneas e buscar soluções nas áreas de pesca, agricultura e extrativismo. Em 1990 foi realizado o I Congresso Caiçara, e seguiram-se outros fóruns (Encontro das Ilhas, Pequeno Encontro do Povos do Mar, Encontros Nacionais dos Povos do Mar e Encontros Internacionais dos Povos do Mar), através dos quais o CSTA criou uma rede de comunicação com a participação de organizações diversas, institutos de pesquisa, governos e instituições nacionais e internacionais, para otimização de ações e fortalecimento cultural das comunidades pesqueiras, ribeirinhas, indígenas e quilombolas.

Em 1995, com o apoio do Fundo Nacional do Meio Ambiente e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), foi criada a Rede de Comunicação dos Povos do Mar, composta de rádio, jornal e televisão, e o CSTA passou a produzir conteúdo e fazer divulgação com meios próprios (canais locais e comunitários) e em redes de alcance estadual e nacional. O sistema de comunicação aprofundou as questões relativas ao litoral e possibilitou o intercâmbio entre comunidades de várias regiões.

Atuando em grandes áreas temáticas que permeiam a cultura, como educação, comunicação, meio ambiente, direitos humanos e mobilização social, atraiu importante cooperação local e global. A partir de 2002, passou a bordar também as questões de gênero na pesca e na maricultura, realizando o premiado curta-metragem ‘A mulher e o Mar’.

O CSTA se tornou Ponto de Cultura e, posteriormente, Pontão de Cultura, desenvolvendo atividades de capacitação em educomunicação para a produção de narrativas em prol das comunidades, para a criação de um acervo audiovisual da cultura caiçara.

Confira a programação presencial em São Sebastião

18 de outubro

8h e 12h – Instituto Verde Escola ETEC – Avenida Marginal, 44 – Barra do Sahy

21 de outubro

10h e 14 h – Escola Municipal Prof.ª Cynthia Cliquet Luciano – Rua Castro Alves, 377, Enseada

19h15 – Escola Municipal Joana Alves dos Reis – Rua Parque, 30 – Canto do Mar

×